A “democratização da opinião”

Boato, de Celine Michel

No jornal Expresso de ontem, Miguel Sousa Tavares utiliza o termo “democratização da opinião”. E defende que esta ideia é utilizada por muitas pessoas para justificar a “dispensa de ter uma opinião informada, dando-se ao trabalho de ler livros, jornais, de ouvir os outros, de reflectir sobre os assuntos, de consultar relatórios, estudos, enfim, de ter trabalho com o assunto.” Não posso estar mais de acordo. O artigo tem muitos mais pontos para reflexão e merece ser lido e debatido pois toca em aspectos centrais para a qualidade da democracia aqui ou noutras paragens. A falta de competências como a de pensamento crítico ou a pouca literacia dos cidadãos em muitas áreas são um caldo muito bom para a desinformação e os enviesamentos noticiosos, agravados pela utilização instrumental das redes sociais para fins e com honestidade intelectual e política duvidosa. Exemplo: enquanto a comunicação social tradicional pode até enveredar por títulos mais sensacionalistas (e por vezes, estes também ajudam a criar percepções limitadas dos factos), a verdade é que os seus leitores tenderão a ler mais do que os títulos e o corpo da notícia pode compensar o descuido ou uma intencionalidade mais da esfera do marketing do que do rigor informativo, em alguns títulos; por outro lado esta mesma notícia partilhada nas redes sociais tende a ser lida pelos utilizadores das redes sociais apenas ficando pelo título, seguindo-se depois, muitas vezes, o tipo de atitudes e comportamentos de grupo e de massas que Miguel Sousa Tavares tão bem descreveu. Mas para que formule a sua própria opinião leia aqui o artigo por inteiro e directamente na fonte.


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