O dia da terra ou mais um dia sem que coloquemos a mão na consciência?

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Hoje é Dia da Terra, dia que marca o nascimento do movimento ambientalista moderno, em 1970. A ideia é atribuída a Gaylord Nelson, um senador americano de Wisconsin, depois de testemunhar os estragos do derramamento de óleo de 1969 em Santa Bárbara, Califórnia. Não sou dos que considera supérflua a existência de dias comemorativos. São marcos, mnemónicas, relembram-nos acontecimentos, pessoas ou desafios que por vezes ficam esquecidos durante todo o resto do ano. Se assim é, funcionam apenas como expiação de uma certa culpa colectiva, como se o facto de assinalarmos o dia e aí fazermos penitência ou celebração garantisse o cumprimento de serviços mínimos. No Dia da Terra não se cumpre serviços mínimos por apenas lembrá-lo. E ficamos muito mais a aguardar uma espécie de requisição civil que nos obrigue a fazer mais por pouco que seja. Entre os que consideram que não podem fazer a diferença com o seu comportamento aos que sabem poder fazer a a diferença mas não conseguem tomar as decisões que nos garantam um futuro neste planeta, enquanto espécie num ecossistema diversificado, de forma sustentável, há uma certeza, ninguém se pode colocar de lado e pedir que os outros façam por si pois nesta matéria todos devemos e podemos fazer algo. Esta é uma área onde o comportamento individualista e pouco cooperativo, pouco comunitário e de bem comum fica exposto e deve ser exemplo pela negativa para todos e sujeito à reflexão de cada um. A título de exemplo, segundo os números mais optimistas, a reciclagem dos nossos resíduos (em Portugal) está em 38% para uma meta de 50% até 2020. Esta é uma meta colectiva e é uma meta em que todos somos co-responsáveis. Por vezes, tendemos a desvalorizar os dados e os alertas. Parecem-nos distantes no tempo e na geografia. Mas o planeta é um apenas, e de todos. O que acontece aqui ou noutra parte do mundo globalizado afecta todos os seres vivos. Se quiserem focar-se no aqui e quase agora, pensem nas praias que deixarão de poder ir pelo desaparecimento dos areais, dos peixes que deixarão de saborear pois terão desaparecido para sempre, da terra que deixará de poder ser cultivada pois será estéril pela erosão e falta de água, nas doenças respiratórias que todos teremos mais frequentemente devido à falta de qualidade do ar ou à adaptação a tempestades, furacões e outras realidades climatéricas que não estávamos acostumados. E não será por alguns o negarem que este caminho deixará de ser percorrido. Pensemos no que queremos deixar aos nossos filhos e futuras gerações e a vergonha que devemos sentir em não estarmos a fazer o que podemos para o evitar. E depois façamos alguma coisa com essa vergonha, a vergonha que exige consciência do que fazemos e não fazemos pelo nosso planeta, coloquemos mãos nos nossos comportamentos e alteremos os hábitos, por pequenos que sejam, do plástico que usamos ao lixo que reciclamos ou água que poupamos... Errar é humano... continuar a persistir no mesmo erro tem outros nomes. Não paralisemos por termos errado, não percamos demasiado tempo a procurar culpados e assumamos conjuntamente a resolução dos problemas para subsistência da vida e biodiversidade no Planeta Terra.

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