Desde 2006 que defendo uma forte intervenção pública e privada no sentido de evitar (agora recuperar) a destruição do comércio tradicional em Torres Vedras, nomeadamente ao nível do seu centro histórico. Já então defendia a adopção de algumas estratégias e acções que ainda hoje considero fundamentais para a existência de uma actividade económica sustentável de comércio tradicional em Torres Vedras. As estruturas associativas (promoção) e a autarquia (criação de condições de actractibilidade) têm ambas um papel importante mas o principal terá que ser devolvido aos comerciantes e consumidores. Desta ideia central não nos podemos afastar pelo risco de perdermos de vista o que é essencial. Para além disso deveremos ter sempre presente um princípio: o mínimo de investimento público nas acções com concentração dos esforços na rentabilização de recursos já existentes. Os comerciantes como dinamizadores e emprendedores da actividade económica em causa e os consumidores, razão de ser dessa actividade e único suporte sustentável da mesma, deverão assim ser os agentes do desenvolvimento de qualquer estratégia. Assim, concentremos a nossa atenção e intervenções nestes actores. Entre muitas possibilidades gostaria de apresentar à discussão as seguintes: atracção de lojas âncora para o Centro Histórico; sistema de gestão do centro histórico/comercial centralizado (tipo lifestyle center, com marketing, infra-estruturas de suporte e serviços comuns); presença e promoção online em IN/PT/ES deste conjunto comércio e serviços do centro histórico para promoção e atracção de consumidores de fora do concelho e do país; promoção e sensibilização dirigida às crianças e jovens do concelho para a fruição e consumo no Centro Histórico e Comercial de Torres Vedras; reabilitação urbana com fixação de população residente e de serviços qualificantes com capacidade de atracção de novos públicos.
As lojas âncora seguem o modelo dos centros comerciais em que a capacidade de atracção destas lojas permite a existência de fluxos que são aproveitados por outras lojas alimentando um ciclo positivo de públicos. A presença e promoção online é essencial para dar mais visibilidade sendo uma forma barata de chegar a grandes públicos e ao exterior onde estão mais valias que nos esquecemos de atrair (o concelho continua fechado em si próprio e sobre isto falarei em post posterior). As crianças e jovens do concelho numa grande percentagem não conhece Torres Vedras e muito menos o Centro Histórico. Em muitos casos, têm o seu primeiro contacto quando vem estudar para uma escola na cidade. Há que educar para a utilização do espaço público do centro histórico e para o consumo nos espaços que o compõem num paralelo com o que tem sido feito no Parque Verde da Várzea. A existência de população residente é outra importante contribuição para a criação permanente de fluxos que geram vida e consumo, assim como a existência de serviços ou actividades recreativas e culturais de índole associativa. É evidente que algumas destas coisas já começaram a ser feitas. Outras não. Mas a velocidade tem sido muito lenta e o momento é já tardio. Quanto mais tempo passar mais nos vai custar a todos. TODOS! Não será só aos comerciantes que irá ser apresentada a factura.
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