Não sou crítico de teatro mas sempre tive um carinho especial pela arte dramática. Para além disso tenho esta relação umbilical ao
ATV. O espectáculo de ontem, no Teatro
Cine de Torres Vedras foi um momento singular, daqueles que marcam o seu tempo. Aposto que daqui a 10 anos se falará deste espectáculo como referência para a marcação de um tempo. De um tempo e de uma cidade. Há 10 anos atrás seria inimaginável um espectáculo como este em Torres Vedras. Há bem menos tempo, "A relíquia", com a Maria do Céu Guerra, no mesmo Teatro
Cine, levantou as vozes da moral e dos bons costumes, do conservadorismo bacoco e provinciano. Há cerca de 10 anos atrás "As obras completas de
Shakeaspeare em 97m" agitavam as águas sociais de uma Torres Vedras cultural e socialmente estagnada no pensamento crítico, criação, inovação e oportunidade de desenvolvimento individual bloqueadas. Assistia-se a uma sangria de quadros de todas as áreas para fora de Torres Vedras.
Mashup é uma criação
made in Torres Vedras para o mundo. Quem não viu perdeu um momento na história de Torres. Uma sala cheia para um espectáculo em cheio. A forma como vi este espectáculo foi
iconológica. Representa um sentir de novo, uma visão perturbada no sentido de quem não deixa de se questionar e de questionar os outros. Provocador. Um anti manifesto, sem mensagem nem moral da história, que deixa o público à procura de rumo. Exigente mas para todos. Uma produção
contemporânea e muito
profissional (com muito amor à camisola) e cheia de ritmo. Um ritmo da vida vivida para sentir, cair, levantar, amar, odiar mas jamais ser indiferente... ou também sê-lo. Se a Patrícia Portela escreve em 2.0,
Mashup, sendo teatro, é 3.0. As gerações da Internet reciclam tudo até criar!
2 Comentários
Abraço,
Rogério Nuno Costa
Parabéns!