Os da minha rua


Faz-me regressar à infância. As vivências de rua de Ondjaki, embora em Luanda, não deixam de transpirar como as minhas recordações de rua. Eram tempos em que se brincava na rua. Acho impressionante a capacidade de Ondjaki para recuperar estes episódios e transmiti-los numa escrita fluente, algo cinematográfica mas essencialmente muito sensorial. Também me revejo na expressão de Ondjaki na última página do "Os da minha rua": "[...]a minha rua, que sempre se chamou Fernão Mendes Pinto, nesse dia ficou espremida numa só palavra que quase me doía na boca se eu falasse com palavras de dizer: infância." Só que para mim a rua era jogar à bola em tardes intermináveis, num quintal que parecia maior que um Estádio, andar de bicicleta, viver um mundo imaginário dos "campeonatos de carica" ou fazer de conta que se pertence a um corpo de bombeiros. Os meus personagens também eram outros: o Pedro, o Tiago, o Carlos, o Bruno, o Artur, a Catarina, a Lia, a Rita, a Inês, a Sara e muitos outros.

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