Economia e Inovação Social

Sábado participarei num debate promovido pela Associação para a Divulgação e Defesa do Património de Torres Vedras sobre o tema Economia e Inovação Social. A este propósito cito uma expressão muito referida por outro participante “A loucura é fazer o mesmo de sempre e esperar resultados distintos.”

Não gosto de cair nos jargões habituais da inovação, como conceito vazio, muitas vezes inimigo de actividades tradicionais, associada às novas tecnologias e a uma ideia muito enviesada de fazer diferente. Para mim, uma definição possível de inovação pode vir na sequência do ciclo criatividade, invenção e inovação. Considerando esta última como algo dependente da sua aceitação em termos de mercado (seja ele de que tipo for) e a primeira como um processo cognitivo de geração de ideias originais ou incrementais. Deste modo, vou considerar um conceito de inovação social como um espaço experimental, de teste, que oferece uma possibilidade para a renovação dos serviços (privados ou públicos), mas também das principais forças que orientam e desenvolvem as nossas sociedades, aceite pelo mercado social, independentemente da sua sustentabilidade. Daí que a inovação social para se traduzir, no médio e longo prazo em benefício sustentável para economia necessite de ser gerida. Todavia, esta gestão pode ter várias vertentes, pois a inovação social e a sua medida de aceitação tem um certo grau de dificuldade para ser medida, nomeadamente no que diz respeito às suas externalidades, como por exemplo o contributo para o desenvolvimento de novos modelos sociais. Para além disso, a inovação social está muito mais ligada a personalidades próximas dos perfis de aventureiros e navegadores de outros tempos do que da clássica imagem do empreendedor. Trata-se provavelmente de um outro tipo de empreendedor, menos ligado às fórmulas, mais focado na atitude, no comportamento e num ideal. Trata-se de um perfil completamente distinto, nada standard. A criatividade é assim crítica e essencial. É uma arma estratégica para iniciar um ciclo de inovação. Faz parte do empreendedor social mas também da inovação social enquanto contexto. Ou seja, será tão importante os bloqueadores e assassinos da criatividade tão presentes na sociedade serem controlados e evitados como será importante dar oportunidade e potenciar os novos descobridores! Ela é em si também necessária para sairmos individual e colectivamente de situações de crise como a que passamos. Para isso é condição de base não termos baixado a níveis que impossibilitem de forma autónoma este processo criativo. É necessário não cairmos numa desesperança aprendida. A Economia precisa da criatividade, precisa das pessoas por isso mesmo. Neste momento, parece contra as pessoas e a sua criatividade. No seu discurso ao país remetido também ao Presidente da República, por ocasião do 1.º Congresso da Ordem dos Psicólogos Portugueses, Telmo Baptista, Bastonário, disse "Por isso, se é certo que hoje em dia é difícil escapar ao discurso sobre a Economia, é também importante dizer que essa economia deve ser a Economia que tem em conta as pessoas, os seus objectivos, sonhos e aspirações, e não a economia tornada pesadelo dos mercados abstractos, incompreensível, incapaz de nos ajudar a ter uma vida melhor."

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1 Comentários

Belo texto para abrir o debate!
Obrigado.