O estado do Estado


Num momento em que se discute a sustentabilidade do Estado como o conhecemos em Portugal, é caso para dizer, que bem poderíamos começar a repensar para onde vai efectivamente o dinheiro dos nossos impostos. Todos os dias me deparo com serviços públicos cujos membros, dirigentes ou não, não conhecem a missão do seu serviço, pese embora pensem que o conhecem. Muitos acham que são detentores de uma autoridade moral própria pelo facto de ocuparem as funções que ocupam. São geralmente os arautos da legalidade, tecnicidade, estéticidade, seguridade e outros subterfúgios que em muitos casos não defendem o interesse público que deveriam defender mas sim o livre arbítrio da sua aplicação. Então mas a Lei não é igual para todos?! É! Mas é mais igual para uns do que para outros. Há aqueles a quem ela é aplicada e outros que passam à margem. Assim como há uma economia paralela, há paralelidades em quase tudo. É fiscalizado pelas finanças quem existe para o fisco. É fiscalizado por obras, seja de que natureza forem, quem declara que as vai fazer, é vistoriado quanto ao cumprimento de regras ambientais quem declara as práticas que tem. E os outros? Não interessa dizem eles! Os outros não são agora (nem nunca) o assunto que nos (lhes) assiste. O que interessa é que quem cumpre tem que cumprir mais. Quem não cumpre é de outro mundo e não está por isso na sua esfera de actuação. E o que pensam e fazem estes técnicos e dirigentes?! Que já fazem muito, que não têm meios, que cumprem ordens, que é a Lei, que não querem saber do contexto, que a Lei é clara e inequívoca (como sempre) e que nós, os outros (para eles), os ladrões e vigaristas (caso sejamos empresários), andamos a enriquecer à custa deles!! No meio disto tudo, sei que: quem paga impostos, que cumpre com a sua consciência e princípios de vivência em sociedade solidária, fraterna e em liberdade, deve exigir outro Estado. Talvez mais pequeno, mas sem sombra dúvida mais produtivo, mais eficiente, mais responsável e em que os seus agentes pensem todos os dias na sua missão e em quem lhes paga, que esses meios são os de todos inclusive os dos nossos filhos, e que por isso, se mais razões não existissem devem ser os melhores de nós. Devem ser! Infelizmente estão longe de o ser.

A todos aqueles, e são muitos, funcionários e dirigentes públicos empenhados, competentes e cientes da causa pública, peço, ajudem a que as vossas práticas se sobreponham às más práticas e resistam à degradação dos serviços públicos continuando a contribuir, isso sim, para o bem comum, princípio basilar da vossa acção.

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