Gostas que te chamem incapaz? E que te tratem com o paternalismo de quem sabe sempre o que é melhor para ti? Achas que nada te diferencia dos outros? Sentes que não devem valorizar o que fazes individualmente?
Qual será a razão que me leva a crer que há cada vez mais pessoas a responder que sim a estas perguntas? Não tenho a certeza mas há algumas pistas:
- o crescimento do número de pessoas que pensa votar naqueles que defendem que o estado tudo pode;
- a contínua tolerância e voto naqueles que continuam defender "trabalho igual, salário igual" quando interpretam isto como, nome da categoria igual, salário igual;
- cada vez maior existência de políticas públicas assistencialistas que não promovem as competências dos cidadãos e alimentam os mecanismos de dependência;
- subalternização do interesse público (de todos nós) a bem do interesse individual;
- a inconsciência sobre a origem da riqueza de um país e a ideia que não adianta fazer mais e melhor porque não virá bem nenhum por isso;
- a desresponsabilização individual (o cidadão) com a responsabilização do colectivo (estado, na versão errada que são todos os outros e não todos nós).
Enfim outros dados existirão. O importante a salientar é que continuamos muito preocupados com todas razões que não controlamos e que nos impedirão de obter o que queremos e usamos esta situação como desculpa para não nos esforçarmos, para não arriscarmos, para não nos dedicarmos e logo para não nos responsabilizarmos. Temos medo do sucesso e da responsabilidade que ele trás. Temos medo da autonomia e da responsabilidade que ela trás. Por isso queremos sempre mais Estado. Por isso chegámos a este estado. Preferimos dizer mal dos políticos, dos empresários, dos patrões, do que trabalhar com eles, como eles ou em vez deles para atingirmos os nossos desígnios individuais e colectivos. Esquecemos que ninguém nos substitui ao mesmo tempo que ninguém é insubstituível. Esquecemos que a riqueza tem que ser criada, não nasce nas árvores. Para isso, no mundo de hoje, é preciso mais formação (não a de encher chouriços), mais esforço, mais inovação e por vezes mais criatividade. É preciso capacidade autocrítica e de tolerância a uma avaliação permanente que permita a melhoria.
Se afinal estou enganado e as premissas de que parto no início deste texto são falsas então serás certamente capaz ou estarás motivado para responder:
O que pretendes fazer pela tua comunidade, país, concelho, empresa? Que inovações, descobertas, ideias, gostarias de ter? Quando os teus filhos e netos falarem dos teus feitos e da tua vida o que queres que estes possam dizer que fizeste em favor do próximo?
Afinal, só assim é que as sociedades evoluem! Ou já apagámos tudo isto da nossa memória colectiva?
0 Comentários